Espelho by Antonio Almas

Prosa poética sobre os sentidos do autor.

Espelho

Espelho meu, espelho meu, qual destes textos sou eu?

Já não sei como te encontrei, se numa caminhada à beira-mar, se foste tu que entraste planície adentro procurando a sombra fresca do meu corpo. Sei que já passou uma vida, que já fomos quase tudo, embora continuemos sendo quase nada. Amizade, amor e saudade fazem parte da nossa essência. Já te trouxe pela mão, já te escutei com atenção, idolatrei-te como deusa e até me atrevi a beijar-te os lábios de raspão.

Somos como o mar, eu onda que vem e vai, tu sereia que te escondes no profundo esconderijo da solidão e apareces na proa do meu navio de quando em quando.

Este silêncio que acontece depois do trovão é pura meditação, um acto de contrição que nos leva a equilibrar a euforia com a calmaria de sermos apenas gente, quase tão comum como todos, quase tão complexa como muitos.

E aqui estou, depois de tantos anos, de novo tsunami, elevando-me acima da ondulação quebrada do mar para te trazer à tona e poder de novo teus lábios beijar.

Genre: POETRY / General

Secondary Genre: POETRY / European / General

Language: Portuguese

Keywords: amor, paixão, mulher, sensualidade, prosa

Word Count: 19027

Sales info:

O livro foi publicado à pouco tempo mas já vendeu particularmente na comunidade portuguesa no exterior.


Sample text:

Se eu deixasse os dedos soltos, tenho a certeza que eles procurariam o toque da tua pele. Se eu permitisse que o meu corpo fosse louco, ele enlouqueceria com o teu. Quando eu deixo a minha alma vazia, ela é da tua que bebe para se encher.

Pode parecer utopia, falsa conversa ou encantamento, mas nada mais é que aquilo que sinto cá dentro. Sim, claro, há muitas contradições, inúmeras coisas sem explicações, mas ainda assim te peço, escuta-me ao menos.

Não procuro iludir-te, prender-te ou fazer-te sofrer, apenas quero dizer-te tudo aquilo que por ti deixo fazer. Não quero nem procuro obrigados, não quero sequer que me dês “rebuçados”, é apenas uma forma que encontrei para em prosa te ter, mesmo quando nem ela rima e “tudo o que está em baixo é igual ao que vem de cima”.

 

Já não sei há quantos anos estamos aqui, neste limbo, onde apenas existimos. Não me recordo mais como viemos até aqui, que mar navegámos, que carreiro tomámos, mas continuamos tão perto como no dia em que nos vimos. Talvez hoje, tão longe como a Lua da Terra, continuemos a sentir-nos tão colados como os lábios quando se cerram.

O amor febril da paixão, deu lugar a um silêncio morno que permitiu maturar os sentidos, tornar suportável a realidade e colmatar esta proximidade ausente em que sempre vivemos. Hoje acordo da letargia a que o Inverno me votou e olho-te com uma ternura cândida, como o jardineiro olha para a tulipa, sabendo que é efémero o tempo de floração, mas que ela continuará a recrear-se a cada ano, incessantemente.


Book translation status:

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LanguageStatus
Spanish
Already translated. Translated by Maria de Lurdes Gonçalves
Author review:
Parabéns Maria de Lurdes, magnífico trabalho. Acrescentou valor ao meu texto. Gratidão

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