Eu e o Sr. Freud by Isabel Duarte Soares

Cartas para Dr. Freud

Eu e o sr. freud

Eu e o Sr. Freud é uma coleção de cartas com remetentes diferentes, para o mesmo destinatário, Dr. Freud. Estas cartas são, na verdade, como sessões de análise, em que a personalidade que assina é quem está no divã. Os temas são universais, expostos por várias vozes, em diferentes tons, tantos quantas as emoções das pessoas que moram na nossa cabeça, a quem Fernando Pessoa chamava heterónimos. Neste consultório de Dr. Freud, chamamos-lhes, modestamente, deuses e deusas, entre outras coisas…

Genre: LITERARY COLLECTIONS / Essays

Secondary Genre: LITERARY COLLECTIONS / Essays

Language: Portuguese

Keywords:

Word Count: 31102

Sample text:

Acho lamentável que seja vista como um problema, viver na evasão preenche-me. A realidade é uma “árvore de Natal à qual tirámos fitas, bolas, luzes e estrelas, é um pinheiro verde”, sem graça, com agulhas que, inclusive, começam a amarelecer, a ficar baças, sem vida. A realidade também tem prazo de validade, Dr. Freud.

Por serem o que mais me faz os olhos brilhar, as luzinhas são a minha parte preferida do Natal, tornam-no mágico, dão-lhe um colorido especial, único, sou fã incondicional das luzinhas de Natal. No entanto, o que o faz verdadeiramente mágico é a manifestação do Amor. O amor que não quer saber, o amor fraterno, o amor caloroso, o amor que deixa pra lá, o amor que nos toma por inteiro, o amor que vem dos cheiros das comidas especiais, o amor do quentinho dos lares, das velas acesas, dos coros, dos cânticos. O amor enquanto estado de alma, na sua forma mais pura, mais próxima de Deus, que se apodera de nós, que é mais forte do que tudo o resto, mesmo que teimosamente não queiramos. O amor que prevalece, se sobrepõe a todas as outras coisas, todas. E a todos os outros que moram na nossa cabeça. A magia do Natal é essa, a magia do Amor, capaz de nos transformar, da forma mais avassaladora, na nossa melhor versão.

Quando o Natal acaba, os Suecos atiram os pinheiros pela janela. Fazem bem, é isso que tenho vontade de fazer com a realidade, não sem antes avisar: cá vai disto, como os Suecos, não vá apanhar alguém desprevenido. Ninguém merece levar com doses maciças de realidade, Dr. Freud...


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